Pai assassinado e outros atentados: o que se sabe sobre a morte do líder do MST no Tocantins

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Homicídio de Raimundo Nonato Silva Oliveira, conhecido como Cacheado, na madrugada desta terça-feira (13) gerou revolta nas redes por parte de movimentos e pedidos para que o crime seja solucionado. Líder do MST é morto enquanto dormia no Tocantins
Arquivo Pessoal
O assassinato do líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) Raimundo Nonato Silva Oliveira, em Araguatins, na região do Bico do Papagaio, gerou revolta e pedidos para que o crime não fique impune.
Conhecido como Cacheado, ele tinha 46 anos e era militante da causa popular. Raimundo sofreu várias ameaças durante a vida e também perdeu o pai de forma violenta, um dos motivos que o levou a entrar na luta por moradias populares.
O crime
Raimundo Nonato foi assassinado na madrugada desta terça-feira (13) enquanto dormia com a namorada dentro de casa.
O crime aconteceu na Vila Cidinha, em Araguatins, região do Bico do Papagaio.
A Polícia Militar informou que homens encapuzados invadiram o local e dispararam diversas vezes contra o militante.
A namorada sobreviveu.
Militância no MST
Um dos motivos para entrar no movimento foram perdas familiares também de forma violenta. Segundo a Defensoria Pública do Estado (DPE), o pai foi assassinado por pistoleiros quando ele ainda era criança.
Raimundo era natural de Barra do Corda (MA).
Por ser uma liderança ativa do MST e muito conhecido, também sofreu perseguição em outras ocasiões.
Outro atentado
Há pelo menos 12 anos, Raimundo foi baleado também por pistoleiros e sobreviveu.
Segundo Edmundo Rodrigues Costa, agente da Pastoral da Terra, isso aconteceu quando ele liderava o acampamento Alto da Paz, na fazenda Santa Hilário, em Araguatins.
A Defensoria Pública do Estado informou que Raimundo sofreu tentativas de assassinato entre os anos de 2000 a 2015.
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Investigação
A equipe da 11ª Delegacia de Polícia de Araguatins é responsável pela investigação. A Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que o caso ainda está na fase inicial.
A possível motivação ainda não foi informada.
A Polícia Militar disse que fez buscas pelos suspeitos, mas ninguém foi encontrado.
Velório e enterro
O corpo deve chegar ao local do velório ainda nesta terça-feira (13), em Araguatins.
O sepultamento está previsto para acontecer às 8h de quarta-feira (14).
Repercussão
Nas redes sociais, perfis do MST nacional e regional lamentaram a morte do militante e cobram das autoridades que o crime seja solucionado.
“O MST exige justiça para Cacheado, que seus assassinos e mandantes sejam identificados, detidos e julgados, para evitar mais assassinatos no campo! Lutar não é crime! Basta de violência no campo!”, diz trecho da postagem lamentando a perda do integrante do movimento.
Notas de pesar
Defensoria Pública: o órgão lamentou a morte em nota de pesar e destacou que Cacheado, como era conhecido, era presença frequente nas atividades realizadas pelo órgão, como atendimentos itinerantes, reuniões e debates. Em julho deste ano, ele participou de um seminário sobre decisões possessórias coletivas realizado pela DPE.
Partido dos Trabalhadores no Tocantins: O PT-TO também lamentou a perda e se solidarizou com amigos e familiares. “O Partido dos Trabalhadores do Tocantins (PT-TO) vem a público exigir das autoridades, justiça a esse crime brutal e a punição máxima aos assassinos”, diz trecho da nota de pesar.
Ordem dos Advogados do Brasil no Tocantins (OAB/TO) – A Comissão de Direitos Humanos se manifestou sobre a morte e “espera que seus assassinos e mandantes sejam identificados, detidos e julgados, como resposta do Estado a fim de dirimir os conflitos agrários que resultaram na morte de vários trabalhadores e na violação dos direitos humanos no Tocantins, sobretudo na região norte do estado”, conforme nota de pesar divulgada nas redes sociais.
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Fonte: G1 Tocantins